
A volta da reprova nas escolas brasileiras?
Comissão da Câmara aprova projeto que proíbe promoção automática de alunos sem nota
Em 16 de julho de 2025, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo ao Projeto
de Lei 5.136/19, que proíbe a promoção automática de alunos dos ensinos fundamental e médio que não
atingirem a nota mínima exigida, excetuando apenas casos de saúde devidamente comprovados
O que muda na prática?
Fim da progressão continuada: escolas deixarão de aplicar o regime de aprovação automática em ciclos maiores do que um ano,
ficando sujeitas a reprovar alunos que não alcançarem os critérios mínimos de aprendizagem
Autoria e relatoria: o texto é de autoria do deputado Bibo Nunes (PL–RS) e foi relatado pelo deputado
Nikolas Ferreira (PL–MG), que argumentou que:
“A promoção automática leva a uma progressão de alunos sem compreensão dos conteúdos, resultando em deficiências acumuladas …”
Votação acirrada: a aprovação ocorreu por empate (17 × 17), com o presidente da comissão decidindo pelo avanço do substitutivo
Contexto e implicações
Posição dos defensores
A defesa da proposta se baseia na melhoria da qualidade do ensino. Nikolas Ferreira ressaltou que a
promoção automática cria “lacunas acumuladas” no aprendizado, desmotivando professores e comprometendo
a formação
Argumentos contrários
Críticos alertam que a medida pode penalizar alunos com dificuldades, aprofundando desigualdades, e
sugerem que seria melhor fortalecer mecanismos de apoio e recuperação
Próximos passos legislativos
O projeto agora segue para análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Em seguida,
será votado no plenário da Câmara e, se aprovado, seguirá para o Senado
Conclusão
A reprovação é um tema extremamente complexo e delicado. É difícil prever se seus impactos serão
positivos ou negativos para os alunos reprovados. No entanto, é inegável que enfrentamos um grave
déficit de aprendizagem no Brasil, e algo precisa, de fato, ser feito.
Hoje, muitos professores se sentem desvalorizados, pois perderam a autonomia de decidir se um aluno
está ou não apto a progredir. Isso torna as avaliações e as ações pedagógicas menos significativas.
Mas fica a pergunta: a reprovação por não atingir as métricas esperadas resolverá, de fato, nosso
problema educacional? Será esse o caminho capaz de transformar a educação brasileira?
Talvez o foco deva estar em criar novos métodos, ferramentas e programas que tornem a educação mais
positiva, inclusiva e atrativa. Precisamos fortalecer o apoio e o reforço escolar, especialmente
para crianças que não têm uma base familiar ou educacional estruturada. Quem sabe, também,
incentivar o desenvolvimento das habilidades individuais de cada jovem, permitindo que eles
se destaquem em suas áreas de interesse e talento?
Quantos professores já não presenciaram aquele aluno com dificuldades em Matemática e Português,
mas que se destacava em outras áreas? Esse estudante é um "mau aluno"? Ele deve ser reprovado
por não atender a um padrão específico? Ele se esforçou? E, se sim, será que seu esforço foi
considerado suficiente?
Essas são reflexões importantes e urgentes. A resposta para os desafios da educação no Brasil talvez
esteja não apenas em punir a deficiência, mas em reconhecer o potencial — e agir para desenvolvê-lo.
Essas são coisas que devemos refletir.
Escrito por: Prof. Jean Paulo Jampietri de Paiva Junior
Tema da noticia
promoção automática, progressão continuada, reprovação escolar, projeto de lei educação 2025,
qualidade do ensino.